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quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Nossa sociedade analfabeta

Um dos problemas do nosso país é a falta de alfabetização. Afirmo isso, pois uma grande parte dos considerados "alfabetizados" sabem apenas desenhar o nome próprio. Estes no máximo conseguem ler um texto, mas sem entender e decodificar nada. Não é o bastante apenas saber ler e escrever, é preciso conseguir refletir sobre o que foi lido.

90% dos jovens do Brasil sabem dos recursos contraceptivos existentes para evitar uma gravidez indesejada. 75% desses mesmos jovens que possuem esse conhecimento NÃO usam nenhum método ao ter um relacionamento sexual. Como explicar isso? A meu ver, o problema é o que citei no primeiro parágrafo. Nós, mesmo tendo a informação, optamos pelo errado.

Em depoimento para a reportagem "A gravidez na adolescência", feita pelo programa 'Jornal Hoje', da Rede Globo de Comunicação, nesta quinta-feira (04/09), uma jovem arrolou naturalmente que sabe da importância do uso da camisinha, mas que simplesmente esquece de usar. COMO ESQUECER? Usar a camisinha não é uma ação para os outros, é para nós mesmos! Nós estaremos nos preservando das conseqüências que o sexo pode proporcionar! Repito: COMO ESQUECER?

A cada dia que passa vemos mais e mais jovens grávidas. 20% das crianças que nascem hoje em dia no Brasil são filhos de mães adolescentes. Adolescentes (ou pré-adolescentes? Ou, ainda, crianças?), de 10 a 14 anos sendo mães, e não apenas de um filho, mas muitas já grávidas do segundo. Terá uma criança dessa idade cabeça, responsabilidade e estrutura para tanto?

As bonecas dadas para as crianças brincarem de mamãe estão tomando proporções reais, e isso é assustador. Crianças-mães, que acabam largando o estudo, deixam de lado a infância e num pulo fulminante passam a ser adultas. O pior de tudo é que essas mães, em sua grande maioria, não possuem renda para sustentar um bebê. Reforço: o problema não está na divulgação da importância do uso da camisinha nas localidades mais pobres, muito menos na adquirição dessa proteção, pois os Postos de Saúde devem fornecer contraceptivos gratuitamente.

A linha de raciocínio seguida foi a que a jovem grávida viria a assumir e ter o filho, mas infelizmente nem todas fazem essa escolha e partem em busca do aborto. Essa medida não é legalizada no Brasil - apenas em casos extremos de abuso sexual ou risco de vida da mãe -, por isso quem recorre ao aborto, ou acaba se arriscando com receitas caseiras, ou com os recursos clandestinos. Entre 1993 e 1995, 50 MIL jovens foram parar nos hospitais públicos devido a complicações no aborto clandestino, sem contar que cerca de 20% das mamãezinhas acabam morrendo junto com a criança indefesa.

Tenho em minha mente a idéia concreta contra o aborto, acredito que há vida desde a união do óvulo com o espermatozóide, e o aborto – esteja o feto com dias ou meses - é um assassínio. Condeno veementemente quando a criança foi gerada por irresponsabilidade e a "solução" encontrada é a abortiva. O que se planta se colhe. Fez sexo sem camisinha? Assuma o filho. (Não irei me aprofundar nesse assunto, apenas um comentário rápido e breve sobre).

Outros números alarmantes são os que mostram como a tendência suicida está crescendo entre as jovens grávidas. Em pesquisa feita de 120 jovens entrevistadas, 16% confessaram terem pensado em suicídio devido à gravidez indesejada. Antes a porcentagem era de 13%.

Outro ponto preocupante é o das doenças sexualmente transmissíveis que estão se alastrando rapidamente pela nossa sociedade, pela falta do uso da camisinha, a freqüente troca de parceiros e o uso de drogas injetáveis.
Essas mãezinhas precisam do apoio dos pais, da sociedade, de todos. Não adianta largar de mão pessoas que vivem a realidade de serem mães e pais adolescentes, terem doenças, etc.

É necessário reverter esse quadro de calamidade. Devemos nos preocupar em trabalhar a mente desses jovens, das nossas crianças e também dos adultos. Não é o suficiente apenas saber, ter conhecimento excessivo; é preciso usar isso no dia-a-dia, nas escolhas, nos conselhos. Não se pode mais tolerar que as pessoas não consigam interpretar as coisas, e não estou falando dos 'pobres coitados' - que adoramos falar mal, dizer que lá é que está o problema do nosso país e de nossa cultura -, estou falando de todos nós, letrados, que, por estarem tendo acesso à internet, possuem conhecimento e oportunidade. Muitos de nós conhecemos - ou até mesmo somos – analfabetos que não conseguem entender, interpretar e formar idéias próprias. Simplesmente decifram códigos e desenham coisas que lhe disseram ser palavras.
Fazemos lindos discursos do que é certo do que é errado, adoramos apontar o dedo na face dos que fizeram uma má escolha, mas em dado momento fazemos o mesmo, ou até pior. De nada mais adianta falar, é preciso agir.

Apoio qualquer tipo de projeto para alfabetizar os que ainda não sabem, mas não devemos mais aceitar e idealizar que para sermos inteligentes basta saber ler e escrever. Precisamos pensar, refletir e fazer. Só assim o nosso país vai pra frente - nesse aspecto e em tantos outros - porque palavras solitárias ditas, meus caros, não ão de resolver nada.

7 comentários:

  1. refletir sobre esse assunto
    com certeza..
    bom texto

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  2. realmente, eu vi a matéria no jornal hoje e fiquei abismado com a realidade analfabeta da nossa sociedade
    como já dizia Einstein: ''Aprendizado é ação, do contrário é só informação''

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  3. texto.....brilhante!!!!
    excepcional..
    descreve muito bem...
    critico

    parabens

    http://Murilloleal.blogspot.com/

    ;)

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  4. Pois é, e o país ainda quer crescer, ir pra frente... Só que sem uma boa educação para todos não sai do lugar. E não é dando leite que a criança vai aprender na escola. Chega a ser uma vergonha saber desse tipo de coisa e saber que pouco se faz para melhorar...

    ;*

    Musikaholic

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  5. é foda.
    e mais que isso...
    um absurdo.
    ;*

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