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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O vento e o Sol


Eu quero um furacão.
Uma tempestade que leve para longe o que eu quero esquecer.
Quero ventos fortes o suficiente para estremecerem as minhas bases, para que fique apenas o que for realmente sólido. O que vale a pena lutar.

Não quero mais olhar para trás. Com os olhos e com o coração.
Quero a brisa reconfortante que vem após a destruição.
Um abraço dos primeiros raios de Sol.
Quero o susto de um trovão.
E o silêncio, enfim.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Aos meus amigos

Muitos amigos merecem as minhas palavras e abraços no dia de hoje. Assim como a maioria das datas comemorativas, o Dia do Amigo também vem perdendo um pouco o seu sentido. Na realidade, acredito que o que perdeu o seu sentido é o "ser amigo".

Costumamos agrupar os amigos, separá-los como "os verdadeiros" e os simples amigos. Na realidade, percebo que para ser amigo a pessoa deve ser verdadeira.

Os meus amigos sabem o que eu sinto, sabem o que eu quero para o meu futuro, ou compartilham comigo os momentos de indecisão e insegurança, entendem o que quero dizer com um olhar ou um silêncio. Meus amigos são aqueles que estão ao meu lado quando eu tenho vontade de chorar, quando eu estou frustrada, quando estou mal humorada. Meus amigos são aqueles que possuem valores de vida semelhantes aos meus, afinal, amizade é sintonia.

Amigos de berço, amigos/família, amigos de estudos, de emprego, amigos da rua. Enfim, meus amigos verdadeiros. Que todos possam sentir hoje e sempre o amor que eu sinto por vocês. Que vocês tenham a certeza de que todos estão dentro do meu coração e que todos podem contar comigo em todos os momentos.

Amo vocês! Feliz dia do amigo!

terça-feira, 19 de julho de 2011

O adeus de Falcão

Todos querem o retorno de um ídolo, ainda mais quando o assunto é futebol. Quem vive deste esporte e ama um clube sabe do que eu estou falando. Não me lembro ao certo o dia que meu coração se coloriu com as cores vermelha e branca. Apenas sei que a opção pelo time colorado não foi um mero acaso. Mesmo tendo ficado apenas alguns meses ao lado do meu avô materno, sinto que a paixão que ele tinha pelo Internacional foi passada para mim. Quem me conhece sabe disto.

Logo quando comecei a me interessar pelo futebol e de fato entendê-lo, meus pais me contaram algumas histórias sobre o Internacional. O que eles não me contavam nos domingos de futebol eu pesquisava. Ao mesmo tempo em que meus ídolos eram Fernandão e Clemer, pensava o quanto eu queria lembrar de Dunga e o quanto gostaria de ter visto Claudiomiro, Manga, Figueroa e Falcão jogar. Inclusive nos primeiros textos que escrevi para este blog, falei sobre o que chamei de "F3 colorado", composto por Falcão, Fernandão e Figueroa, três grandes jogadores, três ídolos.

No início deste ano, o torcedor colorado clamava por mudanças e principalmente mudança na postura do time. Queríamos a paixão no futebol, o coloradismo dos jogadores, queríamos perceber que os jogadores, a direção e o técnico estavam cientes da camiseta que eles vestiam. Roth foi demitido e Falcão contratado. Nada poderia ser mais realizador, o ídolo estava de volta.



Apesar dos tropeços, apesar dos resultados não tão positivos, os colorados sabiam que não estava faltando vontade por parte do técnico em vencer e tornar o Internacional cada dia mais gigante. Mas o que fazer quando além de ter como adversário um time de futebol, ter também como adversário uma direção?

Que saudades dos tempos em que o esporte era maior do que a politicagem. O Falcão foi demitido por isto, jogo político. E como um grande ídolo não saiu sem falar o que pensava. Em sua entrevista coletiva, Falcão desabafou, chorou, mostrou a sua insatisfação com a situação. E criticou abertamente o presidente do clube.

Tantos técnicos já passaram pelo Internacional. Quantos técnicos foram mantidos mesmo quando as circunstâncias eram insustentáveis. E o Falcão foi demitido após três derrotas . Após apenas três meses no cargo. Após ter ganho um Campeonato Gaúcho desacreditado por todos. O ídolo foi demitido como se fosse qualquer um.

Faltou respeito. Respeito com Falcão. Respeito com a história do Internacional. Respeito com o torcedor colorado.

Quem virá agora? Cuca? Dunga? Mário Sérgio?

Vinte quatro horas após um dos maiores ídolos do Internacional ter sido demitido, Fernandão, o Capitão Planeta, foi contratado para trabalhar na direção do Internacional. Sai um ídolo, entra outro. Assim como sonhei com a volta de Falcão, muito sonhei com a volta de Fernandão. Sabia que quando ele voltasse ao colorado eu iria berrar, vibrar, acreditar ainda mais no meu time. Por enquanto percebo que me enganei.

Podem contratar quem quiserem, nada apagará da minha memória a forma como Falcão foi mandado embora. Faço das palavras do ídolo as minhas: a minha frustração é maior que o Beira-Rio.

Não sei o que esperar. Não sei qual será o técnico ideal. Não sei se Fernandão dará certo. Não sei se a direção do Internacional irá funcionar. Quero apenas acreditar na volta dos tempos em que o Internacional era o clube do povo e não o clube dos incompetentes.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Mudanças

Hoje olhei para o calendário. 08 de abril. Há dois meses atrás eu estava deitada em uma cama de Hospital, com meu organismo resumidamente surtado. Depois de passar cinco dias internada, comecei a pensar o que eu estava fazendo da minha vida. Eu era quem eu queria ser? Não.

Quem me viu há dois meses atrás, percebeu que eu já não sorria tanto, já não parecia ser um alguém tão feliz. Essa semana, várias pessoas vieram me falar o quanto eu estou diferente, fisicamente e espiritualmente. Hoje tento sorrir o máximo possível, tento não chorar tanto por coisas bobas, tento fugir do estresse.

Eu poderia estar ainda me lamentando do que passei, colocando a culpa em Deus e no mundo. Preferi acreditar na mudança. Quero continuar assim, acreditando em mim, acreditando em uma felicidade cada vez mais intensa e verdadeira.

Sou um ser em transformação. Estou mudando a cada minuto, a cada dia. A Rafaela de ontem? Já não existe mais.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O quarto de Rafaela


Este texto é um trabalho realizado para a disciplina de Redação Experimental em Revista, do curso de Jornalismo na Unisinos.

Localizado entre a sala e o aposento do seus pais, o quarto de Rafaela é relativamente pequeno, mas aconchegante. Na parede um quadro sem moldura que sua irmã pintara quando era pré-adolescente. Uma pintura abstrata, diga-se de passagem, algo parecido com uma Lua, pintada de azul, vermelho, verde, amarelo e cinza. Pensando bem aquilo nada se parece com uma Lua.

Quem entra pela primeira vez em seu quarto pensa que duas pessoas dormem lá. Isso porque lá encontram-se duas camas de solteiro. Na realidade, a segunda cama faz o papel de suporte para roupas, livros, papéis e bagunças, se parecendo com qualquer coisa menos com uma cama.

Nas prateleiras vários porta retratos. Nove, para ser mais exata. Apenas três possuem fotos. Já ouvi Rafaela afirmar que naquela semana iria mandar revelar algumas fotografias. Escuto isso faz alguns meses. Porque aqueles porta retratos estão sem fotos? Só Deus sabe.

Ao lado da “cama-de-verdade” uma luminária, um porta canetas e alguns livros. Em cima de sua cama um travesseiro, dois travesseiros, três travesseiros, quatro travesseiros. Porque tantos, não sei. As fronhas não combinam. Verde, cinza, amarelo. Combinam, na verdade, com o quadro pendurado na parede.

Para dividir a “cama-de-verdade” e a “cama-bagunça” um baú. Um bom lugar para esconder segredos, cartas que ninguém pode ler, dinheiro, documentos, declarações. Que decepção. Somente cobertas e coisas de inverno.

Perto da janela, um computador e uma cadeira grande azul. O porque de ser azul não sei. Poderia ser vermelha, prova de amor ao time do coração. Mas não, é azul, por algum motivo que desconheço. Quem sabe uma promoção na loja de cadeiras gigantes. Em cima da impressora, adivinhem: mais um porta retrato. Sem foto.

Seu armário possui três portas. Uma estante para calças e outra para blusas. Nas outras duas portas blusas penduradas em cabides, gavetas com meias e coisas assim. Em um canto, uma gaveta gigante, como a cadeira, cheia de chinelos, botas, tênis e vai saber o que mais.

A parte que mais gosto no quarto de Rafaela, é o cantinho das coisas de mulher. Ao lado de um espelho, uma cômoda. Um cestinho verde guarda as maquiagens do dia a dia. Gloss, rímel, lápis de olho preto, base, pó compacto, pincel, batom. No cestinho roxo sombras, lápis de olho colorido e muito glitter. No cestinho transparente brincos coloridos, de todas as formas e tamanhos. Na prateleira de cima cremes hidratantes e perfumes. Acima cremes para cabelo. Não sei para que tantos. Três escovas, chapinha e secador fazem companhia aos cremes infinitos.

No último “andar” desta cômoda estão as coisas que mais gosto. Duas caixas. Uma rosa e outra branca. Dentro estão as cartinhas de amigas dos tempos de escola, convites de festas de quinze anos, presentes dos primeiros namoricos, coisas que, de alguma forma, se tornaram importantes na vida dela. Também nesta prateleira estão duas caixinhas menores. Vazias. Quem sabe aguardando novas coisas inesquecíveis para guardar.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

O jornalismo precisa ser reinventado. Entrevista especial com Edelberto Behs


Em junho de 2009, o Supremo Tribunal Federal decidiu pela queda da exigência do diploma para atuar na área de Jornalismo. Milhares de estudantes e profissionais ficaram desolados, não sabendo o futuro da profissão. Um ano e meio depois, o curso de Jornalismo volta a ser procurado nas universidades de todo o Brasil.



Coordenador do curso de Jornalismo da Unisinos desde 2003, o professor Edelberto Behs conversou com a IHU On-Line sobre a atual situação deste curso no Brasil e na Unisinos. “Em levantamento realizado pela Agência Experimental de Comunicação (Agexcom), 6% dos que responderam disseram que estavam desmotivados e que procurariam outro curso. Em contrapartida, 42% assinalaram que, independente do diploma, não deixariam o curso de forma alguma, porque essa era a carreira que queriam seguir”, revela.

Behs também reflete sobre as decisões tomadas na Unisinos para garantir a continuidade do curso e sobre o futuro da categoria nas mídias digitais. “Nos Estados Unidos, 105 jornais foram fechados nos últimos anos. O jornalismo precisa, então, ser reinventado”, ressalta. A entrevista foi realizada por e-mail.

Confira a entrevista.

IHU On-Line - Que realidade o jornalismo vive no Brasil, atualmente?

Edelberto Behs - A decisão do STF deixou um vácuo na regulamentação profissional. Hoje, basta nascer para ser jornalista. Sequer foi introduzida a exigência de que só pode exercer a profissão quem tiver algum curso superior, como acontece em países da Europa e da América do Norte. Assim, até uma pessoa semianalfabeta consegue um registro no Brasil.

Quem perde com essa confusão toda é a categoria, mas perde muito mais a sociedade. Um bom parâmetro é a análise da evolução do jornalismo brasileiro nos últimos 40 anos. Outro critério é a comparação de jornais de cidades menores, que não contam com jornalistas profissionais em seus quadros, com o jornalismo praticado por colegas que passaram por curso superior. A diferença fica muito clara.

O curioso é que temos jornalistas que não veem a necessidade do diploma, uma postura inexistente em outras categorias, como advogados, dentistas, engenheiros, arquitetos, que não são acometidos por esse tipo de dilema.

IHU On-Line – Que mudanças ocorreram na Unisinos após a queda do diploma? Houve defasagem de alunos?

Edelberto Behs – Duas semanas após a decisão do STF, pedimos à Agência Experimental de Comunicação (Agexcom) um levantamento junto aos estudantes de jornalismo para detectar o impacto da queda da exigência do diploma para o exercício profissional. Pois bem, 6% dos que responderam disseram que estavam desmotivados e que procurariam outro curso. Em contrapartida, 42% assinalaram que, independente do diploma, não deixariam o curso de forma alguma, porque essa era a carreira que queriam seguir.

Sentimos o impacto na procura pelo curso nos dois processos de seleção seguintes à decisão do STF, tendência que começou a ser revertida no último vestibular, realizado em dezembro.  A queda da procura foi uma tendência geral. A USP, que é uma instituição pública, perdeu candidatos de 2009 para 2010. Embora tenha reduzido em um terço o número de vagas na oferta do jornalismo, a Universidade Metodista de São Paulo viu acontecer o mesmo fenômeno, de acordo com notícias de jornais da época. A Universidade Mogi das Cruzes (UMC) suspendeu o vestibular num semestre por causa da queda de 50% na procura pelo curso.

Na ocasião, reunimos o colegiado do curso da Unisinos com uma pauta única: impactos da decisão do STF. Surgiram várias propostas e algumas iniciativas foram assumidas de imediato. Professores e professoras levaram essa discussão para a sala de aula. Outras proposições, de médio e longo prazos, ainda estão ocorrendo. De qualquer forma, ficou muito claro para o colegiado que, apesar do impacto negativo que a queda do diploma representou, a resposta a essa nova configuração deve vir pela constante atualização do curso e a qualificação do egresso, de tal forma que fica evidente a contribuição que ele traz para a sociedade e para a carreira.

IHU On-Line - Foram aplicadas iniciativas para tranquilizar os estudantes? Que postura foi tomada?

Edelberto Behs - Sim, destacamos que a decisão do STF não significava o fim do jornalismo, que o curso existe para somar conhecimento, desenvolver habilidades e competências, para servir de espaço da diversidade e de debate dos grandes temas da humanidade e da profissão. Convidamos profissionais que se destacam no mercado de trabalho para conversar com estudantes, promovemos debates trazendo para a universidade representantes do Sindicato dos Jornalistas, o deputado Paulo Pimenta, autor da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que restitui a obrigatoriedade do diploma. Participamos de encontros com representantes da Federação Nacional dos Jornalistas com o intuito de traçar estratégias em defesa do diploma.

IHU On-Line - Um ano e meio se passou e a luta para a retomada da obrigatoriedade do diploma segue. O que podemos esperar para 2011?

Edelberto Behs - Bem, esperamos que o Congresso vote pelo menos uma das duas PECs que restabelece a obrigatoriedade do diploma para o exercício profissional.

IHU On-Line - Que mudanças as mídias digitais estão surtindo na prática jornalística e no curso de Jornalismo em si? O que esperar delas?

Edelberto Behs - Entendo que estamos no meio de uma fantástica transformação, inclusive de mudança de paradigma civilizatório, que trará consequências ainda imprevisíveis, motivada, entre outros, também pelas novas tecnologias. Estamos em plena revolução digital, entrando na era da conectividade.

Essa turbulência tem várias janelas. Uma delas, bem importante, é que as empresas de comunicação não descobriram ainda como atuar comercialmente com a internet. Ou seja, está difícil ganhar dinheiro com o produto notícia na rede mundial de computadores, com reflexos, inclusive, nas outras mídias. Nos Estados Unidos, 105 jornais foram fechados nos últimos anos. O jornalismo precisa, então, ser reinventado.

"O jornalismo precisa
ser reinventado"

As novas tecnologias proporcionam ferramentas que determinam o fim da ditadura das mídias, que representavam o único canal de mediação informativa do cidadão, da sociedade, com os poderes constituídos. Ou seja, o emissor se pronunciava e cabia ao receptor captar essa informação unilateralmente. O fundador e primeiro diretor do El Pais, Juan Luis Cebrián, lembrou, em entrevista para O Estado de S.Paulo, que “a internet é um fenômeno de desintermediação”.

Uma outra janela dessa crise passa pelo modo de fazer jornalismo. Hoje se pratica muito, diria, um “jornalismo preguiçoso”, que se expressa na falta de apuração, de pouca análise crítica, interpretativa e contextualizada, amarrado, muitas vezes, a ideologias, e condescendente ao jornalismo declaratório, que mostra o quadro oficial, nem sempre real do Brasil e do mundo. São questões ligadas à profissão, ao profissional, mas também às empresas de comunicação, que, a título de redução de custos, pouco ou quase nada investem em jornalismo investigativo. A boa prática jornalística passa pela produção de informação de qualidade técnica e ética, passa pela reportagem.

Fatores geradores da crise no jornalismo significam, ao mesmo tempo, excelentes possibilidades para o jornalista. Pela primeira vez na história, o profissional de imprensa não depende de vínculo com empresa para apresentar sua produção. Com o ferramental que a tecnologia digital disponibiliza, o jornalista pode dar vazão ao seu trabalho sendo um empreendedor de si, um “eu mídia”, ou pode inserir-se num empreendimento coletivo com colegas. Ele passa a ser sujeito da sua produção, num mercado de tantos nichos quanto são os temas de interesse da coletividade, de um setor empresarial ou de um segmento social.

Essas facetas devem ser consideradas na qualificação ética, técnica e estética de um futuro profissional que passa pelo curso de jornalismo. Mesmo com toda essa evolução tecnológica, o jornalista sempre será um contador de histórias, um sujeito curioso, que busca o aprimoramento constante nos mais variados temas, para realizar as leituras de realidades.

Num encontro que tivemos com professores em março do ano passado, quando se analisou o futuro do jornalismo, ficou evidente que não serão as novas tecnologias que vão qualificar o jornalismo. A ênfase deve recair na formação ética humanística, com uma visão geral do século XX, de cultura geral, além, claro, das questões técnicas profissionais. Neste ano, vamos trabalhar na proposta de projeto político pedagógico do curso, atendendo às novas diretrizes curriculares do jornalismo. O desafio é grande e animador.

IHU On-Line - O que a iniciativa dos garotos que organizaram o Voz da Comunidade no Morro do Alemão indica?

Edelberto Behs - A iniciativa indica que atores locais, cidadãos comuns, são fontes, não somente fontes, mas difusores da informação. Esses jovens foram produtores de notícias, embora não sejam jornalistas. A notícia ganha outro fluxo. Agora, trabalhar a notícia não é apenas uma questão técnica, e o grande capital do jornalista é a credibilidade.

IHU On-Line - Recentemente tivemos o estouro dos documentos vazados pelo WikiLeaks. O que devemos pensar acerca deste caso? Estamos caminhando para uma "cultura WikiLeaks”?

Edelberto Behs - O professor Eugênio Bucci, da USP, diz que o jornalismo é, acima de tudo, a realização de uma ética  porque ele consiste em publicar o que outros querem esconder, mas que o cidadão tem o direito de saber. O jornalismo “só faz sentido na democracia, na observância dos direitos humanos, numa sociedade que cultive a pluralidade e as diferenças de opinião”, agrega.

Documentos vazados pelo WikiLeaks ganharam espaços em jornais e revistas que firmaram parceria com o portal. É como se tais informações, sem o suporte dessas mídias, não tivessem credibilidade. Entendo que caminhamos, sim, para uma cultura wiki, que se trata de uma partilha de conhecimento, e que ela segue a linha do interesse público comum.

Numa entrevista à repórter Lúcia Guimarães, de O Estado de S.Paulo, o veterano repórter estadunidense Gay  Taylese, do New York Times, definiu o que é jornalismo, do ponto de vista da credibilidade:

- No prédio de qualquer redação de um jornal respeitável, a qualquer momento, há menos mentirosos por metro quadrado do que em qualquer outro prédio. Há mentirosos nos jornais também, mas em menor número. Nos prédios do governo, nas escolas, instituições científicas, estádios de esporte, nas fábricas, a mentira circula num grau mais alto. Os jornais estão mais interessados na verdade, mesmo se cometem erros, às vezes, erros involuntários. E se você ainda quer a verdade, é mais fácil chegar a ela por intermédio de um jornal do que por meio de qualquer outra instituição. Os jornais ainda oferecem a melhor chance de manter a verdade em circulação.

Claro, o assunto WikiLeaks ainda vai gerar muita discussão. Jornalismo tem, entre outros, a função de fiscalizar o poder, de desvendar o que poderosos querem manter debaixo do tapete. WikiLeaks desempenha, pois,  um importante papel difusor, com uma importante contribuição ao jornalismo cidadão.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Nas últimas horas a única expressão que me vem à cabeça é "Fé em Deus". Somente isso faz sentido.

Na vida nos achamos donos de nosso futuro. Achamos que temos o controle do mundo, podemos fazer, pensar e falar o que quisermos e controlar as reações. Realmente acreditamos que podemos solucionar todos os problemas que existem.

Mas não.
Não temos controle de tudo. Não podemos impedir que coisas ruins aconteçam conosco e com a nossa família. Porque seríamos privilegiados em não passar pelas provas e dores que milhões de pessoas passam diariamente?

A vida me puxou o tapete.
Fiquei sem chão, mas não caí.
E não vamos cair.
Porque somos uma família.

Fé.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A muralha?

Não é a primeira vez que leio ou escuto pessoas dizerem que pareço uma muralha. Muitas vezes fechada, se mostrando forte e madura para agir em qualquer situação. Realmente transpareço isso.

Gosto de me fazer sentir segura. Gosto de ter uma personalidade forte. Gosto de dar conselhos e de proteger as pessoas que vivem em minha volta.

São nesses momentos, em que lágrimas caem dos meus olhos e transformam meu rosto, que percebo que não sou nada disso. Não tenho segurança. Não tenho conselhos para me dar, não consigo fazer meu coração parar de doer.

Espero que um dia eu consiga transparecer essa minha bipolaridade. Espero que as pessoas percebam que por mais forte que eu pareça ser eu também preciso de conselhos, de carinhos, de abraços, de atenção. Também preciso ser tratada como uma criança indefesa que não sabe que rumo tomar.

Concluo, apenas, o quanto ainda não me conheço e o quanto ainda preciso crescer.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O Rio dos Sinos hoje

A situação do Rio dos Sinos preocupa. Em um simples mutirão realizado nesta semana por dezenas de pessoas,  foram retiradas seis toneladas de lixo do percurso do Rio dos Sinos, que abastece mais de 1.500.000 habitantes. “Qual é a nossa responsabilidade com as águas que nós próprios consumimos?”, questiona Jackson Müller, mestre em Bioquímica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).


Jackson Müller, que já atuou como secretário do Meio Ambiente de Novo Hamburgo e como diretor técnico da Fundação Estadual de Proteção Ambiental, conversou com a IHU On-Line sobre a atual realidade do Rio dos Sinos e da empresa Utresa. A empresa de Estância Velha foi apontada pelo Ministério Público Estadual e pela FEPAM como a principal responsável pela mortandade de 86,2 toneladas de peixes no Rio dos Sinos em 2006. “Nesses quatro anos muitos foram os avanços positivos e melhorias implementadas”, revela.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Qual é a atual situação do Rio dos Sinos?
Jackson Müller - Vejo com muita preocupação a situação do Sinos. Temos um rio que recebe volumes expressivos de esgotos e efluentes não tratados, num período de estiagem, o que agrava a situação da concentração de poluentes e prejudica a qualidade das águas para consumo humano. Há diversos pontos do Sinos que estão sem mata ciliar, com seu leito assoreado, com as margens tomadas de lixo. Não parece o rio que abastece mais de 1.500.000 habitantes. Essa situação gera tristeza e frustração. Qual é a nossa responsabilidade com as águas que nós próprios consumimos? Não cuidamos do Sinos como deveríamos…
IHU On-Line – Após o incidente em 2006, as empresas responsáveis pelo desastre ecológico mudaram suas formas de atuação? Essa postura segue cinco anos depois?
Jackson Müller - Há mais cautela por parte das empresas. Podemos dizer que há um bom grupo de empresários com responsabilidade sócio-ambiental, conscientes de sua responsabilidade e preocupação, que já assimilaram a questão ambiental em seus negócios. Atuam de forma a efetivamente proteger o meio ambiente.
Entretanto ainda há uma parcela de donos de firma, despreocupados, insensíveis com os apelos e necessidades de controle dos seus processos. Por vezes esses grupos acabam maculando a imagem dos bons empresários. É preciso separar esse grupo, com uma fiscalização eficiente e com punição severa.
“Nenhum empresário da bacia do Sinos pode alegar desconhecer os problemas do Sinos e poluir irresponsavelmente as águas que bebemos.”
Do ponto de vista industrial, muitas coisas boas aconteceram. Novas legislações foram criadas e tecnologias mais limpas estão surgindo. Menos desperdício já é uma realidade no setor e a economia de materiais e insumos, em especial de água é uma condição presente em muitas empresas. Temos um bom “know how” no Vale na área de tratamento de efluentes e gerenciamento de resíduos. Precisamos efetivamente assimilar essas mudanças no setor público, mais lento e que sofre os efeitos da descontinuidade administrativa.
As soluções na área ambiental levam mais de quatro anos para se efetivarem. Por vezes a descontinuidade faz com que retornemos ao ponto de partida sem termos chegado à solução da questão. É um eterno recomeçar. Com isso os problemas ambientais se aguçam e se agravam.

IHU On-Line – O que ainda precisa ser revisto para que um outro desastre de tamanha proporção não ocorra?
Jackson Müller - Há muito por fazer. O Sinos sofre com os usos múltiplos de suas águas sem um planejamento mais efetivo. Há muitos remendos. Para atender o setor agrícola remendamos licenças ambientais onde ocorrem incompatibilidades de usos. Para atender as demandas da indústria são autorizados novos empreendimentos onde já existe saturação para lançamentos de efluentes. Liberam-se novos loteamentos onde já estão sufocadas as cidades. Cortam-se florestas para abrir estradas e proporcionar o necessário progresso. Logo, os fins sempre justificam os meios e não chegaremos a lugar algum, senão a um quadro cada vez mais grave e crítico, remendos e mais remendos… Talvez ao ponto de ruptura, que levará necessariamente a uma reversão forçada desse modelo que está posto. As notícias recentes indicam que necessitamos incluir sistemas novos de comando e controle, mais eficientes e menos burocráticos. As cidades crescem independente da ação por vezes inócuo do poder público. Quando presente (o setor público) se amenizam os efeitos negativos da falta de planejamento. Mas efetivamente justificamos a degradação ambiental, do solo, das águas, do ar, da qualidade de vida como inerentes ao progresso que todos desejamos. Isso está errado! Podemos progredir de outra forma, menos agressiva, mais sustentável, conforme a capacidade de suporte do ambiente. Por exemplo: Não podemos continuar estimulando o plantio de arroz nas nascentes do Sinos, assim como devemos exigir o tratamento de esgotos dos municípios e maior fiscalização das indústrias, com a reposição da mata ciliar, cuidados com o lixo, e assim por diante. É necessário agir em várias frentes, ao mesmo tempo. Não podemos ficar esperando que as coisas se resolvam sozinhas.

IHU On-Line – Como podemos analisar a situação da UTRESA atualmente, visto que a empresa foi uma das principais responsáveis pelo desastre ecológico de 2006?
Jackson Müller - A UTRESA apresentava muitas situações críticas quando iniciamos a intervenção judicial em 2006. Mais de 13 locais de vazamentos de líquidos altamente contaminados escapavam para os arroios da região; Valas de disposição de resíduos operavam a céu aberto; resíduos eram enterrados diretamente no chão; muitos ilícitos foram identificados e contidos. Nesses quatro anos muitos avanços também foram obtidos. Novas valas cobertas foram construídas, uma estação de tratamento foi implantada e está operando. Diversas foram as alterações nos procedimentos de controle operacional. Essas mudanças indicavam um caminho positivo de amadurecimento institucional da empresa, uma vez que mais de R$ 20 milhões foram investidos para adequações ambientais e novas construções.
O grande avanço foi o fato de que a intervenção judicial não inviabilizou a empresa, muito pelo contrário, permitiu que ela fosse se ajustando às normas ambientais concomitantemente a geração de receita com sua operação para recuperação dos passivos existentes. Nesses quatro anos muitos foram os avanços positivos e melhorias implementadas. Todos os dias haviam surpresas, tanto positivas como negativas. As investigações que realizamos ainda nos causam surpresa, tamanha a malha de relações existentes entre a UTRESA e outras centrais de resíduos. A auditoria ambiental recentemente concluída traz mais de 15 recomendações para qualificação das estruturas operacionais internas da UTRESA.

IHU On-Line – Recentemente tivemos o caso de um incêndio em uma vala da UTRESA.  O que podemos refletir a partir de mais irregularidades por partes da empresa?
Jackson Müller – Esse episódio deve ser visto como um caso isolado. A Polícia está investigando a situação, mas demonstra, de certa forma que a UTRESA ainda não possui maturidade gerencial para caminhar sozinha, caracterizando um certo retrocesso na sua administração. A falta de um Plano de Prevenção e Controle de Incêndio – PPCI capaz de atender às demandas num caso como o ocorrido, bem como as irregularidades administrativas apontadas, denotam que a empresa ainda precisa ajustar seus procedimentos internos. Essa situação, contudo, não afasta a possibilidade de um incêndio criminoso, praticado para macular a imagem da instituição e das pessoas envolvidas. Há uma concorrência feroz associada ao setor de coleta e destinação de resíduos industriais, movimentando muitos milhões de reais no Vale dos Sinos. A desmoralização da UTRESA poderia estar associada a interesses econômicos. Temos a lamentar esse episódio, especialmente no período em que o mesmo ocorreu. As medidas de controle adotadas permitiram conter o incêndio aos limites da vala, sem lançamentos de líquidos contaminados para arroios ou solo. A gravidade da situação residiu nas emissões de poluentes atmosféricos.

domingo, 16 de janeiro de 2011

”Eu nasci de novo”

Centenas de pessoas passam diariamente por ela, a maioria correndo, sem olhar para os lados. A pressa, de fato, nos faz ignorar histórias.

De segunda a sábado, Rosemari Martins cuida de uma banca de roupas e bijuterias localizada na Estação São Leopoldo da Trensurb.

Enquanto eu caminhava pela estação e observava algumas pessoas, reparei o quanto aquela mulher se destacava em meio a multidão. No primeiro instante não compreendi bem o porquê, mas a resposta se deu no momento em que ela começou a falar sobre sua vida.

Natural de Venâncio Aires, Rosemari mora em uma casa de aluguel em Sapucaia do Sul, era casada e trabalhava na área de Segurança. Tudo mudou após um acidente de moto. “Nasci em 1978, e renasci em meados de 2000”, revela. Os médicos pouco acreditavam em sua recuperação. Apesar das graves lesões, Rosemari conseguiu sair do fundo do poço. Ao contrário do que os médicos acreditavam, ela não precisou de dezenas de remédios contra a depressão. “Minha história de vida é bonita e vai ficar mais ainda quando eu me reerguer”.

Rosemari não gosta de falar do passado, prefere falar do presente. E esse presente tem nome: Silvio Carlos Eduardo Martins,  seu filho de três anos e nove meses.  “Meu filho depende de mim. É com o meu trabalho que coloco comida e roupa dentro de casa”, conta.

“O movimento aqui não é muito grande”, conta a vendedora que trabalha na lojinha há cinco meses e meio. Além de trabalhar na banca, Rosemari trabalha nos finais de semana como garçonete em sua cidade. Enquanto trabalha, seu filho fica com Arlete, uma grande amiga. “Ela cuida do meu filho e cuida de mim. É uma mãezona”, se emociona.

Espírita, Rosemari gosta de ler principalmente os livros de Zíbia Gasparetto, como “Tudo valeu a pena” e “Quando é preciso voltar”. Nos momentos livres, Rosemari gosta de passar o tempo com  seu filho, ou então participa de reuniões do Partido dos Trabalhadores.

Apesar de não falar muitos detalhes, com poucas palavras Rosemari contou o essencial para que uma história de vida se tornasse inesquecível. Questionada sobre o que a vida lhe fez aprender, Rosemari afirma: “A vida me ensinou a ser humilde”.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Deixar-se em paz

Tenho mil e um defeitos e desta forma me assemelho a todas as pessoas do universo.

Esta semana li algumas palavras da genial Martha Medeiros. "Parece uma frase grosseira, mas é apenas um desejo sincero e generoso. Deixe-se em paz".

Deixar-se em paz.

Acordamos e fazemos metas. "Hoje irei fazer isso e aquilo. Não irei comer doces, nem mesmo abusar dos carboidratos e sem dúvidas não tomarei refrigerante. Não cairei da maledicência nem mesmo no ócio. Farei o bem, ajudarei o colega, não irei me irritar com as diferenças. Irei perdoar, amar, ser feliz".

Pensamentos que beiram a simplicidade e a frustração.



Não consigo refletir se meu grande problema é que me cobro demais ou de menos. Quem sabe essa seja uma reflexão para um outro dia próximo. Somente sei que olhar para os defeitos dói e a dor é ainda mais intensa quando os outros as enxergam.

Deixar-se em paz é de fato assumir os defeitos e ter a consciência de que não iremos fazer tudo que queremos da forma perfeita que desejaríamos. Devemos nos esforçar, obviamente, mas não podemos nos martirizarmos pelos erros.

Passado o tempo de nada mais adianta olhar para trás e perceber os erros inúmeros e se lamentar. É preciso sim assumir as responsabilidade e aprender com as quedas e acertos. Genial assim como Martha, Chico Xavier um dia disse: "Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim".

Quem sabe esse seja um desafio para 2011. Me desapegar de antigos sentimentos e culpas e assumir a minha personalidade e meus defeitos. Quem sabe essa seja uma das fórmulas da felicidade. Quem sabe assim eu me descubro.

sábado, 1 de janeiro de 2011

00:01

Não acredito que a virada de um ano signifique mudanças. A vida muda quando a gente muda e isso independe da data. Entretanto, apesar do ceticismo, adoro o momento da virada.

No dia 31 de dezembro de todo o ano o mundo se une. Cada qual com um horário, os povos comemoram o início de mais um ano. Ao menos um sentimento é comum neste dia: a esperança.

Quando chega a meia noite, escuto o sino de alguma Igreja próxima tocar. O som das badaladas se somam ao estouro dos fogos de artifício. A brisa da noite bate no rosto. As cores e formas nos envolvem.

Pensar que naquele exato momento mais que milhões de pessoas estão acordadas compartilhando uma expectativa me toca a alma. Ontem, quando estava escorada no vão da sacada, exatamente as 00:01 do dia 01 de janeiro de 2011 senti que o povo brasileiro, que o mundo em si, estava pulsando no mesmo ritmo.

Pode não significar mudanças certas. Pode ser somente a mudança de um calendário, mas o Ano Novo tem sim o seu valor, o seu significado.

Que em 2011 o mundo possa se unir mais vezes e que a esperança predomine no coração de todos. Feliz 2011.