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quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Conversa Íntima


Em ritmo descompassado seu coração batia. Seus olhos estavam vidrados observando a chuva torrencial que caía do céu e molhava tudo que lá existia. Deitada em sua cama sentia seus poros suados, conseqüência do calor daquele dia. Por mais que ela estivesse e quisesse, a impressão de sua alma era que ela não estava sozinha.

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Não acreditava na existência de outros seres, espíritos, fantasmas, ou qualquer outra nomeação que as diversas seitas e culturas expunham. Mesmo tendo essa descrença estabelecida, sentia que alguém, ou algo, estava ali junto dela.
Sentia no ar do seu quarto um clima estranho. Os raios que agora cortavam o céu pareciam procurar o ponto certo para finalizar sua viagem.

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Por vezes ela passava por essas fases mais introspectivas. Não sabia bem ao certo o que lhe cativava a reflexão. Ficava por horas ou até mesmo dias relembrando nostalgicamente o que aconteceu em sua vida. Tinha saudade de coisas que não passaram de expectativas. Era assim que ela se sentia.
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Com o passar dos minutos seu coração ficava mais calmo e lento. Permanecia ainda em seu íntimo a angústia e a cólera, e em certos momentos tinha a certeza de que parte daquele sentimento não era seu. Estaria alguém, em alguma parte da cidade ou até mesmo do mundo, sentindo exatamente a mesma coisa. Mas como explicar essa união de vibrações? Porque estaria ela condenada a sentir algo pertencente a uma pessoa que primordialmente nada se interligava a ela?
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E quem nunca sentiu isso? A ânsia de que alguém, em algum lugar, por alguma razão, precisa de nós. Necessita do nosso afago, do nosso carinho, do nosso calor.
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A chuva agora se tornara fraca e alguns pássaros ousavam sair de sua proteção para voarem livres pelo céu. O cheiro de terra molhada se instalava cada vez mais em todos os cômodos da casa.
Aquela garota antes tão descrente pensava agora em toda carga sentimental e emocional que recebera e criara. Por mais que agora ela conseguisse driblar aquela chuva melancólica, estava certa de que alguém chorava por ela. Alguém estava sentindo tudo o que vivenciara nos últimos dias e que aparentemente havia superado.

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Decepções e alegrias cultivadas em sua essência. Uma lágrima percorreu os caminhos mais misteriosos de sua face e em um momento de êxtase seus lábios se separaram. Numa voz de desabafo exclamou: “Eu estou contigo, tudo vai acabar bem”.
Em exatidão um raio de sol adentrou o seu quarto iluminando todo o seu corpo. Lágrimas escorreram, agora não tão tímidas, e um sentimento de alívio lhe percorreu o corpo lhe fazendo cair em profundo sono.

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Ela tinha, enfim, encontrado a pessoa que tanto dela precisava.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O líder perseguido

A cada dia que passa percebo o quanto de novela existe dentro do mundo do futebol. Irei me explicar: todos os campeonatos em todos os anos são palco para episódios de drama, de superação e de CHORO.
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O líder Grêmio chora.
O dito rival do Internacional, que hoje se encontra na primeira posição da tabela no Campeonato Brasileiro tivera inúmeras chances de abrir a vantagem perante os outros colocados que seguem em busca do título. Esteve nas mãos do Grêmio a chance de provar sua capacidade e merecimento e conseguir então uma considerável vantagem. Chances que não foram aproveitadas. Tropeços que deixaram claro para todos que o Grêmio não possui um time equilibrado como no primeiro turno. Qualquer erro maior pode sim tirar a taça do seu poder.
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Começa então o drama mais evidente. STJD pune severamente, e com razão, jogadores importantes do elenco do Grêmio. A imprensa chorou. A torcida chorou. A direção chorou. Um mar de lágrimas devastou a medida tomada, e foi então concedido ao Grêmio efeito suspensivo.
Você conhece Paulo Sant'Ana? Pois bem, dizia ele diariamente que o Grêmio não seria campeão. Que o Grêmio não possui mais o seu eficiente futebol. Que o Grêmio não possui treinador e que o futebol apresentado não corresponde ao de um time que quer sair campeão. Em partes, sempre concordei com ele, tanto pela minha repulsão ao Grêmio quanto pelo uso da racionalidade.
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Quando ocorreu o caso do STJD Paulo Sant'Ana chorou pelo o que estava acontecendo. Dizia em voz alta e frequente que o Grêmio estava sendo ROUBADO. Que não seria campeão POR CAUSA DISSO.
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Hoje ligo a televisão e vejo esse mesmo ser dizendo que o Internacional irá prejudicar o Grêmio fazendo corpo mole nos jogos contra os times que tentam tirar a liderança do rival. POR CAUSA DISSO, desse dito jogo sujo, o Grêmio não será campeão.
Resumo tudo isso em uma palavra, CHORO!
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O Internacional teve um resultado deprimente neste sábado contra o Galo, deixando a vaga para a Libertadores cada vez mais distante. Por dias escuto a polêmica de qual campeonato o Clube do Povo deve priorizar. Com este empate as chances da Sulamericana ser priorizada cresce em demasiado, e com isso, poderia sim ser escalado para o resto do Brasileirão time misto ou até mesmo time reserva.
Para vários ditos entendidos do futebol isso tudo é armação. Isso é jogo sujo!
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Vamos aos fatos.
Em 2007 o Grêmio disputara a Libertadores. Qual time entrava em campo no Brasileirão?
Neste ano, Fluminense disputara a Libertadores. Qual time entrava em campo no Brasileirão?
A coisa mais normal possível de um time fazer é poupar jogadores importantes, usando-os apenas nos jogos decisivos almejados.
Onde está o jogo sujo nisso tudo?
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Vamos aos fatos. [2]
Paulo Sant'Ana se baseou na matéria que saiu em Zero Hora do dia 27/10/2008. MATÉRIA TOTALMENTE INTERPRETATIVA, baseada no ACHISMO do repórter e da edição. Não há NADA que comprove essa decisão da direção do Internacional, e mesmo se tivesse, NÃO SERÁ UTILIZADO RESERVAS PARA PREJUDICAR O GRÊMIO e sim para PRIORIZAR a Sulamericana. Nossos objetivos, caros egocêntricos, vão muito além de atrapalhar o que tanto vocês desejam.
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Parem de choro! Quem quer ser campeão não deve se preocupar com o que os outros decidem ou querem fazer. O líder Grêmio é perseguido, pelo seu próprio choro e pela sua própria incompetência.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Sedução

Aquela noite fora maravilhosa, pensava escorada no parapeito da janela. Vestia um leve vestido e suas mãos delicadas seguravam uma taça com alguma bebida qualquer.

Uma doce brisa invadia sua alma e de olhos fechados ela parecia delirar. Seus cabelos volumosos e negros eram conduzidos a uma suave dança. A rua estava tranqüila, nada ousava interromper aquele momento tão intenso. A lua clareava levemente o ambiente, transformando seu rosto em uma brilhante pérola.

Ela era uma jovem atraente, chamava à atenção dos homens certos. Não era qualquer um que decifrava o seu jeito, seu olhar, seu cheiro. Para muitos uma garotinha, para outros uma tremenda mulher. Anjo e diabo, por trás de um doce sorriso um desejo.

Ele tentava desvendar aquela mulher. Sentado na poltrona marrom de couro a observava sorrir maliciosamente para o vento, que teimava em agitar seu vestido. Mal sabia ele o que lhe esperava. Aqueles olhos claros, dignos de anjo, possuíam a força necessária para hipnotizá-lo.

Levantou-se, foi até o aparelho de som e colocou uma música envolvente para acrescentar o clima. Dirigiu-se até aquela jovem e a tomou em seus braços. Começaram então uma agradável dança, acompanhada de olhares e risos. Que eterno era aquele sentimento que inundava aqueles dois seres.

Evidente era que eles combinavam. Nenhum dos dois dependia do outro, eles apenas queriam viver aquele momento, aquela dança. Não se preocupavam com o futuro, não criavam expectativas, apenas se perdiam na imensidão do outro, tendo a certeza de que o futuro era o agora, e que o agora já se tornara passado.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

PÁRA TUDO!


Possuo contos e reflexões para postar, mas nesse momento necessito postar um “desabafo”.

A cada semestre, mês, semana ou dia, ficamos sabendo de uma tragédia no nosso Brasil e no mundo. Uma criança sendo arrastada por um carro ou sendo atirada pela janela e agora, o mais recente, namorado mantém como refém a ex-namorada de apenas 15 anos durante 101 horas e tenta lhe causar a morte.

A maioria da população acreditava se tratar de uma bobagem, uma pura brincadeira entre Lindembergue Fernandes Alves, 22 anos, Eloá e Nayara, 15 anos ambas. Mas não, não se tratava de uma brincadeira e sim de uma tragédia.

Não falarei muito do caso, pois bem sabemos que a imprensa brasileira irá lotar jornais de informações sobre o ocorrido. O que venho aqui comentar é a que ponto chegamos. Acordamos, lemos os jornais e o que vemos? Crimes, maldades, barbáries, tragédias, mortes, crueldade.

O pior de tudo é que estamos nos acostumamos com essa cruel realidade. Não nos indignamos mais, e muitos nem mais piedade sentem.

Concordo com você leitor, esse é apenas um caso entre milhares que ocorrem o tempo todo e que não são divulgados. Mas não é por este fato que devemos ignorar o sofrimento dessas duas jovens agora hospitalizadas, a dor das famílias e o estado de existência de Lindembergue.

Agora é o momento onde muitos irão pregar a necessidade da pena de morte e tantos outros métodos radicais para frear essa maldade que se alastra em nossa sociedade. Qual será a melhor solução? Qual é a nossa parcela de responsabilidade neste caos?

Venho aqui dizer que meu peito está apertado. O sofrimento é cada vez maior, é cada vez mais perto e cada vez mais real. Sim, real. Mesmo que a maioria trate o real como uma novela. Acompanham todos os ‘capítulos’ sentados na poltrona. Quando tudo se encerra ela é substituída por outra, naturalmente.

Isso não é novela. Esta é a realidade cada vez mais freqüente do nosso dia a dia. Espero que de alguma forma as coisas comecem a serenar, anseio muito por isto. Está na hora de um BASTA.

“O que está acontecendo? O mundo está ao contrário e ninguém reparou” “O que você está fazendo? Milhões de vasos sem nenhuma flor”
(Relicário – Nando Reis e Cássia Eller)

sábado, 11 de outubro de 2008

Diversão limitada


Sou observadora, acho interessante analisar as atitudes, reações e manias dos outros.

Esses tempos, eu e mais duas amigas resolvemos ir a uma festa. E acredito que as coisas mais bizarras, ridículas e engraçadas que vivenciamos na nossa vida ocorrem nas baladas. Com tudo que vi naquela noite, passei a me perguntar o que afinal faz uma pessoa se divertir em uma festa.
Será que só há diversão quando se tem um copo na mão? Refleti sobre isso no momento em que entramos e vimos lamentavelmente duas gurias podres de bêbadas pagando fiasco. O que leva uma pessoa a pagar para entrar numa festa, ficar meia hora e ter que ser levada para casa por estar quase em coma alcoólico? Que diversão é essa? Eu pelo menos não acho nada divertido não curtir o que era o esperado, passar a noite inteira mal e o outro dia com ressaca.
Não será um copo de bebida ou uma droga qualquer que vai fazer uma noite agradável e divertida. Pego como exemplo o que foi a minha noite e de minhas amigas. Sim, bebemos uma coisa ou outra, mas nos divertimos horrores por estarmos juntas e querermos nos divertir.
Estou pagando de boa moça? Não, claro que não acho errado beber antes e durante uma festa, mas acredito que se é pra beber que saiba os seus limites. Na realidade, virou uma moda beber. Antes isso era somente com os homens, mas hoje as mulheres estão entrando nessa onda. E fato é que e os locais de festas te impulsionam a beber promovendo liberações aqui e ali.
Então, caros leitores, se divirtam da maneira que quiserem, mas, por favor, respeitem os seus limites. O álcool também é droga, mata, vicia e te faz ser assunto de postagem crítica em blogs.


domingo, 5 de outubro de 2008

Isso é para ti, 'homem'

Minha consciência sempre me alertou, teimava e não a dava atenção. Hoje, por mais que seja óbvio e não tão difícil assim, percebo o quanto ela estava certa e como as coisas se desenharam para o caminho certo.
Acredito que uma das mais supremas características do ser é o de ter determinação e de cumprir a palavra. Comecei a reparar na quantidade de pessoas assim que possuo em minha volta. O tipo que promete milhares de coisas e que não cumpre míseras.

Como queres, homem, que eu acredite em tuas promessas de futuro, de contos de fadas, se não cumpres o que te cabe neste exato momento? Qual é a dificuldade em fazer a diferença com mínimos detalhes?

Não acredito mais em promessas, e por vezes, não acredito mais nas pessoas. Repito, por vezes. Sinto no olhar de muitos a sinceridade e honestidade. Sei que dificuldades surgem e que elas influenciam na vida das pessoas, mas não consigo encontrar problemas tão graves capazes de anular certos atos. Cansei. Sim, isso é um desabafo, mas não tão necessário assim.
Essa falta de determinação aniquilou meus sentimentos e minhas vontades e, aparentemente e surpreendentemente, tudo teve um final feliz.

O que é ser Glamour

Texto publicado nos jornais JS e Jornal Opinião, aludindo um pouco sobre o evento característico da Liga Feminina de Combate ao Câncer, o concurso Glamour Girl.

Pode até parecer, mas o concurso Glamour não se prende à beleza física. O objetivo e os requisitos vão muito além disto. A Glamour Girl é responsável por liderar a Liga Jovem de Combate ao Câncer por dois anos. Portanto, a menina escolhida precisa ter o brilho da iniciativa, garra, determinação, solidariedade e liderança.
Todas as jovens concorrentes já mostram o seu glamour sendo solidárias a esta causa tão nobre que é a de ajudar os doentes do câncer. Elas fazem parte de um conjunto que faz a diferença na vida de muitas pessoas, e isto é maior que qualquer nomeação.
Essas jovens brilham juntas, levando luz onde há escuridão e vida àqueles que já não sabem mais o que é viver. O glamour desse evento é que a escolhida não se empolga com seu próprio brilho, mas com o brilho do resultado final do trabalho conjunto que será realizado por todas.