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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Nas últimas horas a única expressão que me vem à cabeça é "Fé em Deus". Somente isso faz sentido.

Na vida nos achamos donos de nosso futuro. Achamos que temos o controle do mundo, podemos fazer, pensar e falar o que quisermos e controlar as reações. Realmente acreditamos que podemos solucionar todos os problemas que existem.

Mas não.
Não temos controle de tudo. Não podemos impedir que coisas ruins aconteçam conosco e com a nossa família. Porque seríamos privilegiados em não passar pelas provas e dores que milhões de pessoas passam diariamente?

A vida me puxou o tapete.
Fiquei sem chão, mas não caí.
E não vamos cair.
Porque somos uma família.

Fé.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A muralha?

Não é a primeira vez que leio ou escuto pessoas dizerem que pareço uma muralha. Muitas vezes fechada, se mostrando forte e madura para agir em qualquer situação. Realmente transpareço isso.

Gosto de me fazer sentir segura. Gosto de ter uma personalidade forte. Gosto de dar conselhos e de proteger as pessoas que vivem em minha volta.

São nesses momentos, em que lágrimas caem dos meus olhos e transformam meu rosto, que percebo que não sou nada disso. Não tenho segurança. Não tenho conselhos para me dar, não consigo fazer meu coração parar de doer.

Espero que um dia eu consiga transparecer essa minha bipolaridade. Espero que as pessoas percebam que por mais forte que eu pareça ser eu também preciso de conselhos, de carinhos, de abraços, de atenção. Também preciso ser tratada como uma criança indefesa que não sabe que rumo tomar.

Concluo, apenas, o quanto ainda não me conheço e o quanto ainda preciso crescer.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O Rio dos Sinos hoje

A situação do Rio dos Sinos preocupa. Em um simples mutirão realizado nesta semana por dezenas de pessoas,  foram retiradas seis toneladas de lixo do percurso do Rio dos Sinos, que abastece mais de 1.500.000 habitantes. “Qual é a nossa responsabilidade com as águas que nós próprios consumimos?”, questiona Jackson Müller, mestre em Bioquímica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).


Jackson Müller, que já atuou como secretário do Meio Ambiente de Novo Hamburgo e como diretor técnico da Fundação Estadual de Proteção Ambiental, conversou com a IHU On-Line sobre a atual realidade do Rio dos Sinos e da empresa Utresa. A empresa de Estância Velha foi apontada pelo Ministério Público Estadual e pela FEPAM como a principal responsável pela mortandade de 86,2 toneladas de peixes no Rio dos Sinos em 2006. “Nesses quatro anos muitos foram os avanços positivos e melhorias implementadas”, revela.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Qual é a atual situação do Rio dos Sinos?
Jackson Müller - Vejo com muita preocupação a situação do Sinos. Temos um rio que recebe volumes expressivos de esgotos e efluentes não tratados, num período de estiagem, o que agrava a situação da concentração de poluentes e prejudica a qualidade das águas para consumo humano. Há diversos pontos do Sinos que estão sem mata ciliar, com seu leito assoreado, com as margens tomadas de lixo. Não parece o rio que abastece mais de 1.500.000 habitantes. Essa situação gera tristeza e frustração. Qual é a nossa responsabilidade com as águas que nós próprios consumimos? Não cuidamos do Sinos como deveríamos…
IHU On-Line – Após o incidente em 2006, as empresas responsáveis pelo desastre ecológico mudaram suas formas de atuação? Essa postura segue cinco anos depois?
Jackson Müller - Há mais cautela por parte das empresas. Podemos dizer que há um bom grupo de empresários com responsabilidade sócio-ambiental, conscientes de sua responsabilidade e preocupação, que já assimilaram a questão ambiental em seus negócios. Atuam de forma a efetivamente proteger o meio ambiente.
Entretanto ainda há uma parcela de donos de firma, despreocupados, insensíveis com os apelos e necessidades de controle dos seus processos. Por vezes esses grupos acabam maculando a imagem dos bons empresários. É preciso separar esse grupo, com uma fiscalização eficiente e com punição severa.
“Nenhum empresário da bacia do Sinos pode alegar desconhecer os problemas do Sinos e poluir irresponsavelmente as águas que bebemos.”
Do ponto de vista industrial, muitas coisas boas aconteceram. Novas legislações foram criadas e tecnologias mais limpas estão surgindo. Menos desperdício já é uma realidade no setor e a economia de materiais e insumos, em especial de água é uma condição presente em muitas empresas. Temos um bom “know how” no Vale na área de tratamento de efluentes e gerenciamento de resíduos. Precisamos efetivamente assimilar essas mudanças no setor público, mais lento e que sofre os efeitos da descontinuidade administrativa.
As soluções na área ambiental levam mais de quatro anos para se efetivarem. Por vezes a descontinuidade faz com que retornemos ao ponto de partida sem termos chegado à solução da questão. É um eterno recomeçar. Com isso os problemas ambientais se aguçam e se agravam.

IHU On-Line – O que ainda precisa ser revisto para que um outro desastre de tamanha proporção não ocorra?
Jackson Müller - Há muito por fazer. O Sinos sofre com os usos múltiplos de suas águas sem um planejamento mais efetivo. Há muitos remendos. Para atender o setor agrícola remendamos licenças ambientais onde ocorrem incompatibilidades de usos. Para atender as demandas da indústria são autorizados novos empreendimentos onde já existe saturação para lançamentos de efluentes. Liberam-se novos loteamentos onde já estão sufocadas as cidades. Cortam-se florestas para abrir estradas e proporcionar o necessário progresso. Logo, os fins sempre justificam os meios e não chegaremos a lugar algum, senão a um quadro cada vez mais grave e crítico, remendos e mais remendos… Talvez ao ponto de ruptura, que levará necessariamente a uma reversão forçada desse modelo que está posto. As notícias recentes indicam que necessitamos incluir sistemas novos de comando e controle, mais eficientes e menos burocráticos. As cidades crescem independente da ação por vezes inócuo do poder público. Quando presente (o setor público) se amenizam os efeitos negativos da falta de planejamento. Mas efetivamente justificamos a degradação ambiental, do solo, das águas, do ar, da qualidade de vida como inerentes ao progresso que todos desejamos. Isso está errado! Podemos progredir de outra forma, menos agressiva, mais sustentável, conforme a capacidade de suporte do ambiente. Por exemplo: Não podemos continuar estimulando o plantio de arroz nas nascentes do Sinos, assim como devemos exigir o tratamento de esgotos dos municípios e maior fiscalização das indústrias, com a reposição da mata ciliar, cuidados com o lixo, e assim por diante. É necessário agir em várias frentes, ao mesmo tempo. Não podemos ficar esperando que as coisas se resolvam sozinhas.

IHU On-Line – Como podemos analisar a situação da UTRESA atualmente, visto que a empresa foi uma das principais responsáveis pelo desastre ecológico de 2006?
Jackson Müller - A UTRESA apresentava muitas situações críticas quando iniciamos a intervenção judicial em 2006. Mais de 13 locais de vazamentos de líquidos altamente contaminados escapavam para os arroios da região; Valas de disposição de resíduos operavam a céu aberto; resíduos eram enterrados diretamente no chão; muitos ilícitos foram identificados e contidos. Nesses quatro anos muitos avanços também foram obtidos. Novas valas cobertas foram construídas, uma estação de tratamento foi implantada e está operando. Diversas foram as alterações nos procedimentos de controle operacional. Essas mudanças indicavam um caminho positivo de amadurecimento institucional da empresa, uma vez que mais de R$ 20 milhões foram investidos para adequações ambientais e novas construções.
O grande avanço foi o fato de que a intervenção judicial não inviabilizou a empresa, muito pelo contrário, permitiu que ela fosse se ajustando às normas ambientais concomitantemente a geração de receita com sua operação para recuperação dos passivos existentes. Nesses quatro anos muitos foram os avanços positivos e melhorias implementadas. Todos os dias haviam surpresas, tanto positivas como negativas. As investigações que realizamos ainda nos causam surpresa, tamanha a malha de relações existentes entre a UTRESA e outras centrais de resíduos. A auditoria ambiental recentemente concluída traz mais de 15 recomendações para qualificação das estruturas operacionais internas da UTRESA.

IHU On-Line – Recentemente tivemos o caso de um incêndio em uma vala da UTRESA.  O que podemos refletir a partir de mais irregularidades por partes da empresa?
Jackson Müller – Esse episódio deve ser visto como um caso isolado. A Polícia está investigando a situação, mas demonstra, de certa forma que a UTRESA ainda não possui maturidade gerencial para caminhar sozinha, caracterizando um certo retrocesso na sua administração. A falta de um Plano de Prevenção e Controle de Incêndio – PPCI capaz de atender às demandas num caso como o ocorrido, bem como as irregularidades administrativas apontadas, denotam que a empresa ainda precisa ajustar seus procedimentos internos. Essa situação, contudo, não afasta a possibilidade de um incêndio criminoso, praticado para macular a imagem da instituição e das pessoas envolvidas. Há uma concorrência feroz associada ao setor de coleta e destinação de resíduos industriais, movimentando muitos milhões de reais no Vale dos Sinos. A desmoralização da UTRESA poderia estar associada a interesses econômicos. Temos a lamentar esse episódio, especialmente no período em que o mesmo ocorreu. As medidas de controle adotadas permitiram conter o incêndio aos limites da vala, sem lançamentos de líquidos contaminados para arroios ou solo. A gravidade da situação residiu nas emissões de poluentes atmosféricos.

domingo, 16 de janeiro de 2011

”Eu nasci de novo”

Centenas de pessoas passam diariamente por ela, a maioria correndo, sem olhar para os lados. A pressa, de fato, nos faz ignorar histórias.

De segunda a sábado, Rosemari Martins cuida de uma banca de roupas e bijuterias localizada na Estação São Leopoldo da Trensurb.

Enquanto eu caminhava pela estação e observava algumas pessoas, reparei o quanto aquela mulher se destacava em meio a multidão. No primeiro instante não compreendi bem o porquê, mas a resposta se deu no momento em que ela começou a falar sobre sua vida.

Natural de Venâncio Aires, Rosemari mora em uma casa de aluguel em Sapucaia do Sul, era casada e trabalhava na área de Segurança. Tudo mudou após um acidente de moto. “Nasci em 1978, e renasci em meados de 2000”, revela. Os médicos pouco acreditavam em sua recuperação. Apesar das graves lesões, Rosemari conseguiu sair do fundo do poço. Ao contrário do que os médicos acreditavam, ela não precisou de dezenas de remédios contra a depressão. “Minha história de vida é bonita e vai ficar mais ainda quando eu me reerguer”.

Rosemari não gosta de falar do passado, prefere falar do presente. E esse presente tem nome: Silvio Carlos Eduardo Martins,  seu filho de três anos e nove meses.  “Meu filho depende de mim. É com o meu trabalho que coloco comida e roupa dentro de casa”, conta.

“O movimento aqui não é muito grande”, conta a vendedora que trabalha na lojinha há cinco meses e meio. Além de trabalhar na banca, Rosemari trabalha nos finais de semana como garçonete em sua cidade. Enquanto trabalha, seu filho fica com Arlete, uma grande amiga. “Ela cuida do meu filho e cuida de mim. É uma mãezona”, se emociona.

Espírita, Rosemari gosta de ler principalmente os livros de Zíbia Gasparetto, como “Tudo valeu a pena” e “Quando é preciso voltar”. Nos momentos livres, Rosemari gosta de passar o tempo com  seu filho, ou então participa de reuniões do Partido dos Trabalhadores.

Apesar de não falar muitos detalhes, com poucas palavras Rosemari contou o essencial para que uma história de vida se tornasse inesquecível. Questionada sobre o que a vida lhe fez aprender, Rosemari afirma: “A vida me ensinou a ser humilde”.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Deixar-se em paz

Tenho mil e um defeitos e desta forma me assemelho a todas as pessoas do universo.

Esta semana li algumas palavras da genial Martha Medeiros. "Parece uma frase grosseira, mas é apenas um desejo sincero e generoso. Deixe-se em paz".

Deixar-se em paz.

Acordamos e fazemos metas. "Hoje irei fazer isso e aquilo. Não irei comer doces, nem mesmo abusar dos carboidratos e sem dúvidas não tomarei refrigerante. Não cairei da maledicência nem mesmo no ócio. Farei o bem, ajudarei o colega, não irei me irritar com as diferenças. Irei perdoar, amar, ser feliz".

Pensamentos que beiram a simplicidade e a frustração.



Não consigo refletir se meu grande problema é que me cobro demais ou de menos. Quem sabe essa seja uma reflexão para um outro dia próximo. Somente sei que olhar para os defeitos dói e a dor é ainda mais intensa quando os outros as enxergam.

Deixar-se em paz é de fato assumir os defeitos e ter a consciência de que não iremos fazer tudo que queremos da forma perfeita que desejaríamos. Devemos nos esforçar, obviamente, mas não podemos nos martirizarmos pelos erros.

Passado o tempo de nada mais adianta olhar para trás e perceber os erros inúmeros e se lamentar. É preciso sim assumir as responsabilidade e aprender com as quedas e acertos. Genial assim como Martha, Chico Xavier um dia disse: "Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim".

Quem sabe esse seja um desafio para 2011. Me desapegar de antigos sentimentos e culpas e assumir a minha personalidade e meus defeitos. Quem sabe essa seja uma das fórmulas da felicidade. Quem sabe assim eu me descubro.

sábado, 1 de janeiro de 2011

00:01

Não acredito que a virada de um ano signifique mudanças. A vida muda quando a gente muda e isso independe da data. Entretanto, apesar do ceticismo, adoro o momento da virada.

No dia 31 de dezembro de todo o ano o mundo se une. Cada qual com um horário, os povos comemoram o início de mais um ano. Ao menos um sentimento é comum neste dia: a esperança.

Quando chega a meia noite, escuto o sino de alguma Igreja próxima tocar. O som das badaladas se somam ao estouro dos fogos de artifício. A brisa da noite bate no rosto. As cores e formas nos envolvem.

Pensar que naquele exato momento mais que milhões de pessoas estão acordadas compartilhando uma expectativa me toca a alma. Ontem, quando estava escorada no vão da sacada, exatamente as 00:01 do dia 01 de janeiro de 2011 senti que o povo brasileiro, que o mundo em si, estava pulsando no mesmo ritmo.

Pode não significar mudanças certas. Pode ser somente a mudança de um calendário, mas o Ano Novo tem sim o seu valor, o seu significado.

Que em 2011 o mundo possa se unir mais vezes e que a esperança predomine no coração de todos. Feliz 2011.