Páginas

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Uma questão de valor

No passar dos dias, onde cada vez mais o assunto sobre a desigualdade social entra em pauta, fiquei a pensar o quanto esta pobreza influencia a vida de uma pessoa. Logo mudei o meu pensamento "moderno" em que me encontrava. Comecei a refletir o quanto a riqueza influencia a moral de uma pessoa.

Estes dias em aula, assisti o documentário gaúcho "A Invenção da infância", que trata do fato de que nem toda criança tem infância. Os comparativos são extremos, mas vemos na tela crianças muito novas trabalhando como adultos e crianças ricas dando seus depoimentos onde elas falam o quanto já se acham adultas por terem mil e uma atividades extra escolares.

Por um momento fiquei atordoada por serem exemplos de muita extremidade, e por passarem a idéia de que crianças com uma boa renda familiar são fúteis e que crianças pobres só trabalham.
Logo após a exibição do documentários algumas opiniões foram surgindo. Não digo que não concordo, mas o que mais percebi foi a maldita generalização. Me pareceu clara a idéia de que uma nota de dinheiro a mais, ou a menos, faz a moral de uma pessoa ser boa ou ruim. Sei que a realidade dos pobres é triste, mas não iremos conseguir mudanças discriminando os ricos.

Em um dado momento do documentário uma criança rica falou que fazer curso inglês é importante caso a pessoa no futuro queira fazer uma faculdade no exterior. A maioria presente ridicularizou tal depoimento. Então me pergunto: pra que treinamos línguas estrangeiras? Lógico que é para situações como a dita pela menina. Duvido que a maioria que estava presente não tenha um curso linguístico, ou que não esteja o fazendo. Aquela menina era uma imagem refletida, um espelho.

Como é fácil julgar os outros, ainda mais se forem pais de crianças ricas. Estes são frequentemente atacados por fazerem seus filhos participar de inúmeras atividades, como se todos pensassem que é muito mais fácil largar uma criança com algum profissional do que ficar com ela.

Sei que existem muitos pais que pensam desta maneira, que só tem o filho e pagam para outros
criarem. Sei também que é errado as crianças pobres estarem tendo uma vida de gente grande, mas o que muitos não entendem é que nenhum dos extremos está correto, justamente por serem o muito e o pouco.
Não é porque uma criança é pobre que ela não é amada pelos pais, assim como não são todas as crianças ricas que entram em depressão por não terem um amor familiar. O dinheiro não é tão
influente, não somos uma propriedade dele e sim o contrário.

Espero um dia ver crianças de todos os lugares do nosso Estado, país e mundo tendo uma verdadeira infância, onde são postas algumas responsabilidades - benéficas para o futuro -, mas que não precisem deixar de brincar e estudar para sustentar uma família. Sonho que um dia cada um olhe mais para dentro de si antes de falar que os outros fazem errado e de que isso ou aquilo é um absurdo.

De nada adianta condenar de dentro de nossas casas a toalha suja estendida no vizinho, quando é a nossa vidraça que está suja.

2 comentários:

  1. Olha, teoricamente, estás certa: o dinheiro é nossa propriedade. Porém, como nós, seres humanos, adoramos mudar as coisas, acontece o mesmo com o dinheiro.

    Quem tem mais sempre vai poder mais e, com isso, a maioria - que é chamada de "minoria" pela sociologia - fala mal dos riquinhos. Inveja? Não sei. Talvez uma revolta por essa porra de país ser desigual pra caramba.

    Lógico, toda a generalização é burra. Conheço muitos pobres se considerarem inteligentes demais por serem pobres, mas não passam de fúteis, como conheço muitos ricos que são pessoas inteligentes e nem um pouco alienadas.

    É uma cultura imbecil que temos, para que possamos, assim, ver que a nossa vida não é tão merda assim.

    ResponderExcluir
  2. Eu sou imbecil, reconheço. Minha condição financeira precipita em minha substância uma certa exarcebação das funções sociais da disseminação da riqueza que eu não possuo mas que desejo possuir. Eu entendo que a razão de ser da riqueza é justamente sua distribuição. A riqueza só se nota na medida em que a mesma pode ser percebida mediante a sua utilidade. No caso das crianças, me parece razoável que tanto as pobres quanto as abastadas tem como a finalidade de suas ações a busca pelo capital a fim de contemplar as suas necessidades. Evidentemente que estas diferem entre um e outro extremo. Para o miserável, o trabalho tem a função de garantir-lhe a sobrevivência. Para o rico, o estudo e a constante formação tem em vista a manutenção de seu Status Quo, senão elevar-se ainda mais na pirâmede da condição financeira. Os recursos disponíveis para o miserável no sentido de sua formação só lhe são possiveis mediante a ação social do Estado, já ao rico, a formação é oriunda do investimento que seus pais lhe favorecem.
    Não é razoável crer que todos os homens agem conforme o que lhes precipita para o bem? E a riqueza não é um Bem uma vez que proporciona conforto e educação de qualidade para o homem? Assim sendo não é natural aos homens buscar meios que lhe possibilitem a maximização destas benesses já que lhe são favoráveis e necessários a educação, conforto e riqueza?
    Só há crianças trabalhando e vendendo sua força de trabalho pois é necessário para elas. Sua sobrevivência depende daquela pouca remuneração. Evidentemente que ela não é ideal. Ela é explorada e nela ninguém investe senão o Estado, porém não vejo como objetar sua ação uma vez que no meu entender é razoável ver uma criança ser explorada através do trabalho miserável tanto quanto é perceber que alguns miseráveis de espírito jogam no lixo as oportunidades que lhe são dadas.
    A infância enquanto conceito, transcende a idade cronológica. Não pode ela ser entendida como característica unicamente pertencente aos de pouca idade. Adultos não podem deixar de lado a qualidade lúdica da infantilidade.
    Vamo vamo Inter....

    =D

    ResponderExcluir

Solte o verbo!