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segunda-feira, 4 de abril de 2011

O quarto de Rafaela


Este texto é um trabalho realizado para a disciplina de Redação Experimental em Revista, do curso de Jornalismo na Unisinos.

Localizado entre a sala e o aposento do seus pais, o quarto de Rafaela é relativamente pequeno, mas aconchegante. Na parede um quadro sem moldura que sua irmã pintara quando era pré-adolescente. Uma pintura abstrata, diga-se de passagem, algo parecido com uma Lua, pintada de azul, vermelho, verde, amarelo e cinza. Pensando bem aquilo nada se parece com uma Lua.

Quem entra pela primeira vez em seu quarto pensa que duas pessoas dormem lá. Isso porque lá encontram-se duas camas de solteiro. Na realidade, a segunda cama faz o papel de suporte para roupas, livros, papéis e bagunças, se parecendo com qualquer coisa menos com uma cama.

Nas prateleiras vários porta retratos. Nove, para ser mais exata. Apenas três possuem fotos. Já ouvi Rafaela afirmar que naquela semana iria mandar revelar algumas fotografias. Escuto isso faz alguns meses. Porque aqueles porta retratos estão sem fotos? Só Deus sabe.

Ao lado da “cama-de-verdade” uma luminária, um porta canetas e alguns livros. Em cima de sua cama um travesseiro, dois travesseiros, três travesseiros, quatro travesseiros. Porque tantos, não sei. As fronhas não combinam. Verde, cinza, amarelo. Combinam, na verdade, com o quadro pendurado na parede.

Para dividir a “cama-de-verdade” e a “cama-bagunça” um baú. Um bom lugar para esconder segredos, cartas que ninguém pode ler, dinheiro, documentos, declarações. Que decepção. Somente cobertas e coisas de inverno.

Perto da janela, um computador e uma cadeira grande azul. O porque de ser azul não sei. Poderia ser vermelha, prova de amor ao time do coração. Mas não, é azul, por algum motivo que desconheço. Quem sabe uma promoção na loja de cadeiras gigantes. Em cima da impressora, adivinhem: mais um porta retrato. Sem foto.

Seu armário possui três portas. Uma estante para calças e outra para blusas. Nas outras duas portas blusas penduradas em cabides, gavetas com meias e coisas assim. Em um canto, uma gaveta gigante, como a cadeira, cheia de chinelos, botas, tênis e vai saber o que mais.

A parte que mais gosto no quarto de Rafaela, é o cantinho das coisas de mulher. Ao lado de um espelho, uma cômoda. Um cestinho verde guarda as maquiagens do dia a dia. Gloss, rímel, lápis de olho preto, base, pó compacto, pincel, batom. No cestinho roxo sombras, lápis de olho colorido e muito glitter. No cestinho transparente brincos coloridos, de todas as formas e tamanhos. Na prateleira de cima cremes hidratantes e perfumes. Acima cremes para cabelo. Não sei para que tantos. Três escovas, chapinha e secador fazem companhia aos cremes infinitos.

No último “andar” desta cômoda estão as coisas que mais gosto. Duas caixas. Uma rosa e outra branca. Dentro estão as cartinhas de amigas dos tempos de escola, convites de festas de quinze anos, presentes dos primeiros namoricos, coisas que, de alguma forma, se tornaram importantes na vida dela. Também nesta prateleira estão duas caixinhas menores. Vazias. Quem sabe aguardando novas coisas inesquecíveis para guardar.

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